Lagartolandia

Invenções, pensamentos e desafios de um lagarto criativo

quarta-feira, maio 31, 2006

Je m'enerve!


Folha de Acácia, foto retirada do Flickr, de autoria de Roger B. (14 Fev. 2005)

Bolas, com todas as letras... Hoje, andam a destruir as árvores aqui mesmo à frente das minhas janelas (uma acácia frondosa e bem verdinha já está cortada às fatias!). Esta zona já foi rural, bucólica mesmo (Inquirições pombalinas de 1758, Arquivo Nacional da Torre do Tombo)... mas, com a modernidade e o crescimento desenfreado da cidade, adquiriu outros contornos! Pena é que nínguém veja a vida que existe aqui neste pequeno canto e, perceba que mais uma vez está a condenar aquilo que tantas vezes apregoa em virtudes ecologistas... Aqui, existe ainda uma ribeira (cada vez mais poluída) mas, onde ainda coacham rãs e, no verão, quando os insectos tendem a abundar, existe uma maravilhosa cortina protectora de pequenos morcegos esvoaçantes, que me permitem estar de janelas abertas, sem um único mosquito em casa! Estas árvores também proporcionam sombra, frescura e oxigénio, num local em que as altas temperaturas do estio sufocam e, remetem-nos para índices de humidade relativa verdadeiramente baixos. Por isso tudo, je m'enerve!!

segunda-feira, maio 29, 2006

Ensaio informático...

Tentar não faz mal a ninguém... mas, estas lides blogueiras para quem não sabe muito de informática são mesmo hilariantes... até já mudei a língua base para francês, de forma a "pescar alguma coisinha"! Não está fácil...

domingo, maio 28, 2006

Ha'u iha Portugál...


Tais (tecido) tradicional timorense, retirado de www.geocities.yahoo.com.br/katatua1964/ .

"Ha'u iha Portugál" in tetúm, (one of East-Timor languages), means: "I'm in Portugal". I'm so far away and I've never been there... but I spoke the same portuguese, they like to spoke. I've dressed white, when they intended their liberty and independance. I also put white fabrics in my windows, in a strong portuguese behaviour for their believes. I've saw their smiles and hapiness when freedom becames... But now, I'm very concerned about that people: I did'nt know exactly what future can bring to them... I hope peace is just the main interest in that land!

sexta-feira, maio 26, 2006

Palavras mil...


Céu estrelado, foto retirada de www.omeualentejo.blogspot.sapo.pt/2005_05.html .
Há dias em que nem mil palavras explicariam um estado de alma...

Palavras mil,
iludidas no vento
sopram na força
de um sentimento...
Vagueiam de longe
transformam-se em som,
tilintam, ecoam
em melodia sem fim,
acabam errantes
dentro de mim...

quarta-feira, maio 24, 2006

Precisamos de mais árvores...


Portugal em chamas no dia 21 de Agosto de 2005,
Já ninguém entende que cada dia que passa o manto verde do planeta vai escasseando, muitas vezes por exclusiva responsabilidade dos homens, e que a terra sofre um preocupante aquecimento global. Aqui em Portugal, a paisagem adquiriu contornos muito diferentes, sobretudo na metade sul onde a tendência para a desertificação começa a ser notória. Os gritantes fogos do ano passado lançaram-nos para as páginas dos noticiários internacionais... mas, face aos erros do último Verão as novidades de ataque deste ano são no mínimo hilariantes: teremos uma comissão (por cada fogo!) que estará in loco, antes mesmo das próprias equipas de bombeiros, pergunto para quê? Não seria mais sensato fazer todas aquelas coisas minimamente coerentes como: dotarmo-nos dos meios de combate a incêndios adequados, regular a desurbanização generalizada, plantarmos mais árvores (daquelas da nossa flora típica como o carvalho, o castanheiro ou o sobreiro, onde o fogo entra mais dificilmente), de forma a termos verdadeiras florestas e não serras, montes e vales cada vez mais carecas! Ninguém me conseguirá apagar da memória aquele fatídico dia de Agosto que de Chaves a Lisboa não vi outra coisa senão fogo, fumo, desolação, sufoco... imensa tristeza, lágrimas até!

terça-feira, maio 23, 2006

Paixões culturais...


Flor da Paixão (Maracujá),
foto de Rhenda Glasco, retirada de www.places.mongbay.com .
A cultura, contrariamente ao que muitos pensam, é e será sempre universal e abrangente: é exemplo disso, a capacidade de olhar ou de amar, de construir, de viver em comunidade, de se adaptar ao meio, de progredir tecnicamente, de comunicar entre si, de criar ou pensar. Alguns dos exemplos mais louváveis encontram-se na arte, na música ou na poesia. São actos realizados pelos homens, desde o início dos tempos! E, esses mesmos homens, procuraram ao longo da história sempre novas formas de expressão. Por isso, quando falamos de património cultural dizemos que herdamos algo, algo que não pertence a um só indivíduo mas, antes a uma comunidade inteira. Contudo, cada um de nós só pode aproveitar essa informação se exercitar a sua forma de estar nesta área, como quem lê um livro... e se revê nele, (porque algo que lá é falado já fazia parte do nosso pensamento). E, pode ser tão fácil ensinar a arte, o pensamento ou as ideias... basta ir à simplicidade de cada coisa... algumas encontram-se em plena natureza ou são dela consequência, outras são puro arrojo de artista mas, não deixam de ter a sua explicação! Deixo-vos um exemplo de simbologia dos mais comuns: a flor do maracujá é conhecida como a flor da paixão... neste caso a paixão de Cristo: os três estames simbolizam a Santa Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo), as cinco folhas da corola são as cinco chagas de Cristo, a corôa liliácea seria a corôa de espinhos e, as doze pétalas (nem todas têm este número) seriam os doze discípulos de Cristo. Quem se lembraria de tal interpretação? Portugueses do séc. XV, quando se lançaram nas descobertas do Novo Mundo...

sábado, maio 06, 2006

Sabedoria popular e a alfavaca de cobra...



Tangerineiras
(imagem retirada de www.cobracuspideira.blogspot.com)
Ou a simplicidade das coisas ao virar da esquina... a sabedoria popular que é uma fonte inesgotável de conhecimento, na maior parte das vezes empírica e transmitida numa escala muito familiar, traz-nos destas coisas! O Sr. Rafael é practicamente meu vizinho. Nasceu para ajudar os outros, sempre gostou de dar uma mãozinha, como ele diz! Já foi bombeiro, estofador de profissão, vigilante de uma escola e, agora, hortelão com gosto. Acarinha as plantas e os animais, mais que qualquer outra coisa. É um observador nato e, nos seus 72 anos, destrinça à distância a tangerineira mais proveitosa. Anda maravilhado com uma que plantou em Fevereiro e lhe rebenta agora mais florida do que nunca! Mas, adverte: esta árvore é muito jovem não vai resistir com tanto peso, alguns frutos hão-de mesmo cair. E, logo de seguida profere esta frase sincera: é como nós, por vezes, de tanto carregarmos o peso do mundo, também padecemos e caímos. E, com isto referia-se ao seu problema de próstata que tanto o faz sofrer... mas, logo esboçou o seu sorriso mais rasgado e, arrancando umas ervas carnudas do seu jardim, disse-me: isto é que me está a dar esperança, é alfavaca de cobra, e um cházinho desta erva põe-me aos poucos como novo!

quarta-feira, maio 03, 2006

Açores...


Mar açoriano, (imagem retirada de www.acores.deviantart.com)
Portugal não é mais que uma finisterra da Europa, geralmente à margem das grandes transformações económicas, sociais e mesmo culturais. No entanto, é riquíssimo em tradições, vivências e provas de sociabilidade impares. Hoje lembrei-me de evocar o homem açoriano, aquele que habita, para uns olhos mais desatentos, numa quase perfeição atlântica mas, que sofre no fundo da sua alma o isolamento e a condenação divina... Os Açores são ilhas violentas, pelo fustigar imperdoável do clima (vento, sol e chuva) ou pela ira da actividade vulcânica (fogo, poalha, cinza e vapores sulfúricos). Aqui o homem tem medo. Medo porque está como que a meio caminho entre o Céu e o Inferno. Medo porque parte para o mar sem saber se regressa a terra. Medo de morrer sem ter vivido o tempo necessário. Aqui o tempo tem o peso da eternidade aqui, sim, compreendemos que somos mínimos porque quase somos engolidos por uma imensa natureza, bela, implacável, selvagem, vastíssima, num mar de proporções indomáveis. Como nas palavras de Raul Brandão, referindo-se ao Corvo, "aqui acabam as palavras, aqui acaba o mundo que conheço; aqui neste tremendo isolamento onde a vida artificial está reduzida ao mínimo só as coisas eternas perduram." (As ilhas desconhecidas, publicado em 1924)

terça-feira, maio 02, 2006

Nilde!



Praia de S. Lourenço (foto retirada de www.alfa.ist.utl.pt)
Há dias que têm um sentido muito especial... e foi isso que me sucedeu ontem. Teimei em sair de casa para piquenicar fora, um petisco meu inventado à última da hora (tarte de massa folhada com camarão), por isso rumei pela A8 dentro em direcção a oeste. Procurámos a Qta. da Montanha, em pleno Vale da Guarda mas, estava de porta fechada. Acabámos por nos deliciar com o repasto à beira de um regato e de um prado florido, a meio caminho da tapada de Mafra, muito perto da área de recuperação do lobo ibérico. Mas, o mais interessanto veio a seguir: decidi ver o mar que é tão especial na praia de S. Lourenço... como se a terra precisasse tanto daquele horizonte sem fim! Fui estrada fora, recordando muitos passos da juventude e, ao entrar na Achada, após anos e anos de distância, encontrei mesmo e de facto, a minha melhor amiga desses tempos num longo abraço... que espero que jamais se perca! Depois rumei a S. Lourenço, passeei pela areia quente e lagartei ao sol de fim de tarde, enquanto desenhava e escrevia... Há dias calmos e felizes!